"- Escrever não é falar. - Não? Qual a diferença? - É exactamente o oposto. Escrever é usar as palavras que se guardam. Se tu falares de mais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer". (No Teu Deserto, Miguel Sousa Tavares)
quinta-feira, novembro 30, 2006
Mantenha o respeito
Para a incompreensão, há somente o silêncio.
Não o silêncio que isola, o silêncio da solidão.
O silêncio da segurança e da tranqüilidade.
O silêncio de quem aprendeu a ouvir o que os outros pensam, mas não a se guiar por isso.
O silêncio de quem desistiu de esperar por reconhecimento, mas não de sentir orgulho de quem se é.
Não o silêncio que isola, o silêncio da solidão.
O silêncio da segurança e da tranqüilidade.
O silêncio de quem aprendeu a ouvir o que os outros pensam, mas não a se guiar por isso.
O silêncio de quem desistiu de esperar por reconhecimento, mas não de sentir orgulho de quem se é.
segunda-feira, novembro 27, 2006
Acontecimentos
Eu espero acontecimentos
Só que quando anoitece
É festa no outro apartamento
Todo amor
Vale o quanto brilha
E o meu brilhava
E brilha de jóia e de fantasia
O que que há com nós dois, amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim
Era fácil
Nem dá prá esquecer
E eu nem sabia
Como era feliz de ter você
Como pode
Queimar nosso filme
Um longe do outro
Morrendo de tédio e de ciúmes
O que que há com nós dois, amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim
(Marina Lima/ Antonio Cícero)
Só que quando anoitece
É festa no outro apartamento
Todo amor
Vale o quanto brilha
E o meu brilhava
E brilha de jóia e de fantasia
O que que há com nós dois, amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim
Era fácil
Nem dá prá esquecer
E eu nem sabia
Como era feliz de ter você
Como pode
Queimar nosso filme
Um longe do outro
Morrendo de tédio e de ciúmes
O que que há com nós dois, amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim
(Marina Lima/ Antonio Cícero)
terça-feira, novembro 21, 2006
Somos todos chatos
De perto ninguém é normal... Cada louco com sua mania... Ventania insiste em dizer que raros são os loucos, mas a verdade é que raro é encontrar alguém que não tenha sua idiossincrasia chata, se não raro impossível.
Terapia devia ser matéria na escola, e para andar na rua devia ser necessária carteirinha de bem resolvido. Seria da natureza do ser-humano a tentativa constante de auto-afirmação? Ou seria mais um fenômeno da sociedade sufocante em que tudo é competição?
A convivência é difícil, mas olhar para a beleza é um exercício que não pode ser substituído pela visão das chatices que insistem em saltar aos olhos.
Olho para mim e vejo minhas limitações, olho para o outro e vejo que ninguém é perfeito, embora tentemos o tempo todo nos provar que sim.
Terapia devia ser matéria na escola, e para andar na rua devia ser necessária carteirinha de bem resolvido. Seria da natureza do ser-humano a tentativa constante de auto-afirmação? Ou seria mais um fenômeno da sociedade sufocante em que tudo é competição?
A convivência é difícil, mas olhar para a beleza é um exercício que não pode ser substituído pela visão das chatices que insistem em saltar aos olhos.
Olho para mim e vejo minhas limitações, olho para o outro e vejo que ninguém é perfeito, embora tentemos o tempo todo nos provar que sim.
quinta-feira, novembro 16, 2006
Nóia
Crie seus fantasmas, e eles lhe perseguirão de verdade.
Imagine o belo, e aproveite um instante de tranqüilidade.
Imagine o belo, e aproveite um instante de tranqüilidade.
terça-feira, novembro 14, 2006
Saber e entender
Na escola, ouvimos repetidas vezes que precisamos “entender” a matéria, ao invés de decorar. E, quando alunos esforçados, passamos dias sobre páginas de história e geografia e exercícios de matemática. Inocentes, acreditamos entendê-las.
Inexperientes, não percebemos que estamos exercitando o acumulo de conhecimento como exercitamos o acumulo de bens materiais e dinheiro. E crescemos acreditando que aprendemos algo.
Um dia parece que tudo começa a fazer um pouco mais de sentido. E, pela primeira vez, notamos que o conhecimento adquirido não é o mesmo que aquele que pode ser compreendido.
É como se não tivéssemos visto nenhum filme até hoje. Como recém alfabetizados, lemos as revistas pela primeira vez.
Ler o mesmo livro duas vezes nunca é uma repetição.
O livro ainda é o mesmo. Mas nós já não somos mais.
Pensar o mesmo texto duas vezes é impossível. Aquela que era pela manhã já não o é mais às 12h25.
Inexperientes, não percebemos que estamos exercitando o acumulo de conhecimento como exercitamos o acumulo de bens materiais e dinheiro. E crescemos acreditando que aprendemos algo.
Um dia parece que tudo começa a fazer um pouco mais de sentido. E, pela primeira vez, notamos que o conhecimento adquirido não é o mesmo que aquele que pode ser compreendido.
É como se não tivéssemos visto nenhum filme até hoje. Como recém alfabetizados, lemos as revistas pela primeira vez.
Ler o mesmo livro duas vezes nunca é uma repetição.
O livro ainda é o mesmo. Mas nós já não somos mais.
Pensar o mesmo texto duas vezes é impossível. Aquela que era pela manhã já não o é mais às 12h25.
sexta-feira, novembro 10, 2006
Metrópole
A gente tende a pensar, a ouvir e a dizer, que o que falta no mundo de hoje é confiança. Vários fatores, como a violência e a ambição, fazem a gente ter medo do outro, desconfiar. Parece que as pessoas andam com o pé atrás, com medo de se mostrar, de ser sinceras sobre quem são e sobre o que sentem, sobre o que pensam e o que pretendem.
Esta insegurança faz a gente ficar mais fechado, mais falso e mais superficial também. Porque quando não dá para falar a verdade, e quando a gente não gosta de mentir, acaba falando de futilidades. Acaba colocando coisas menos importantes na pauta da conversa para evitar se abrir e contar coisas que não sabemos de que forma serão utilizadas.
A banalização de tudo banalizou a confiança também, e os conceitos de amizade, de coleguismo e parceria vão se diluindo. A sua vida é banal para o seu amigo, e a vitória do outro é banal para você.
Valorizar quem está ao seu lado virou um ato de submissão quando o que se precisa é mostrar como se é melhor, mais importante e mais sofredor. Sofrer virou motivo de orgulho e eu já não entendo mais nada.
Esta insegurança faz a gente ficar mais fechado, mais falso e mais superficial também. Porque quando não dá para falar a verdade, e quando a gente não gosta de mentir, acaba falando de futilidades. Acaba colocando coisas menos importantes na pauta da conversa para evitar se abrir e contar coisas que não sabemos de que forma serão utilizadas.
A banalização de tudo banalizou a confiança também, e os conceitos de amizade, de coleguismo e parceria vão se diluindo. A sua vida é banal para o seu amigo, e a vitória do outro é banal para você.
Valorizar quem está ao seu lado virou um ato de submissão quando o que se precisa é mostrar como se é melhor, mais importante e mais sofredor. Sofrer virou motivo de orgulho e eu já não entendo mais nada.
quinta-feira, novembro 09, 2006
05/10/04
O funk carioca desceu o morro e agora, em uma nova fase, virou fashion. Com ele chegou ao asfalto a alegria daqueles que sempre rebolaram em frente à televisão, frustrados por saberem que não seriam bem-vindos aos bailes funk. Desceu também a revolta de muitos que vêem as letras como alusão e incentivo à violência, ao sexo inconseqüente e à exploração da mulher. Sabemos que boa parte das letras trata de sexo, mas eu não saberia dizer se trata-se da maioria ou não. Independentemente disso, me incomoda menos o fato de haver letras consideradas “pornográficas” do que saber que existe um comportamento generalizado de valorização do corpo em detrimento da cultura, a famosa embalagem no lugar do conteúdo. E este comportamento não prevalece apenas entre os pobres, os miseráveis, mas muito mais entre as classes média e rica, que lotam clínicas de estética e de cirurgia plástica, em busca da beleza comprada, fácil e cara. Não me incomoda, no entanto, pensar que, em forma de música e dança, as mais acessíveis expressões populares, os moradores do morro carioca conseguiram mostrar à classe média e agora, ao poucos, ao mundo, a realidade de seus jovens, de seus homens e de suas meninas. Me incomoda profundamente pensar que meninas estão sendo exploradas sexualmente e ensinadas (por seus pais, mães, padrastos, amigos, pela TV, pelas novelas, pela “Malhação”, pelo cinema norte-americano etc) que seu papel é ser uma serviçal do sexo proporcionando satisfação aos homens. Mas me agrada a idéia de que as mulheres estão virando o jogo, em figuras surpreendentes como a de Tati Quebra-Barraco. Ao nossos olhos desacostumados à sinceridade o fato gera desconforto e um convite à revolta. Outro ponto. Há muitas músicas que não se referem ao sexo. Me parece muito interessante ouvir letras como “É som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado”; ou “Eu só quero é ser feliz, andar tranqüilamente na favela onde eu nasci, e poder me orgulhar, e ter a consciência que o pobre tem seu lugar.” Aí sim eu vejo o verdadeiro papel do funk, dizendo que existe uma voz, um discurso, convertendo-se em música e festa. E que esta voz pode começar a ecoar no morro, e descer para o asfalto, e chegar à Vila Olímpia e em outros cantos do mundo. E essa voz pode chegar em forma de bem de consumo, assim como todos os sons e músicas que estamos ouvindo. Porque mercantilizamos tudo em nossa sociedade capitalista, mas quando o pobre começa a se dar bem neste meio, nos sentimos incomodados, sentimos nosso mercado e nossos espaços nas prateleiras ameaçados, e queremos que eles fiquem quietos nos morros sem ocupar “nosso” espaço nas lojas. Há ainda as letras vazias, aquelas que servem apenas para brincar, fazer festa e extravasar, como uma que diz algo como “acende o celular” etc e tal. Podemos dizer o que for, mas só quem nunca pulou marchinhas de carnaval sem o menor nexo poderá atirar a primeira pedra. Com relação a qualidade da música, não posso nem me arriscar a opinar porque sou uma ignorante musical assumida. Prefiro ficar quieta, pois entendo apenas de dançar, dar risada e me divertir.
O funk carioca desceu o morro e agora, em uma nova fase, virou fashion. Com ele chegou ao asfalto a alegria daqueles que sempre rebolaram em frente à televisão, frustrados por saberem que não seriam bem-vindos aos bailes funk. Desceu também a revolta de muitos que vêem as letras como alusão e incentivo à violência, ao sexo inconseqüente e à exploração da mulher. Sabemos que boa parte das letras trata de sexo, mas eu não saberia dizer se trata-se da maioria ou não. Independentemente disso, me incomoda menos o fato de haver letras consideradas “pornográficas” do que saber que existe um comportamento generalizado de valorização do corpo em detrimento da cultura, a famosa embalagem no lugar do conteúdo. E este comportamento não prevalece apenas entre os pobres, os miseráveis, mas muito mais entre as classes média e rica, que lotam clínicas de estética e de cirurgia plástica, em busca da beleza comprada, fácil e cara. Não me incomoda, no entanto, pensar que, em forma de música e dança, as mais acessíveis expressões populares, os moradores do morro carioca conseguiram mostrar à classe média e agora, ao poucos, ao mundo, a realidade de seus jovens, de seus homens e de suas meninas. Me incomoda profundamente pensar que meninas estão sendo exploradas sexualmente e ensinadas (por seus pais, mães, padrastos, amigos, pela TV, pelas novelas, pela “Malhação”, pelo cinema norte-americano etc) que seu papel é ser uma serviçal do sexo proporcionando satisfação aos homens. Mas me agrada a idéia de que as mulheres estão virando o jogo, em figuras surpreendentes como a de Tati Quebra-Barraco. Ao nossos olhos desacostumados à sinceridade o fato gera desconforto e um convite à revolta. Outro ponto. Há muitas músicas que não se referem ao sexo. Me parece muito interessante ouvir letras como “É som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado”; ou “Eu só quero é ser feliz, andar tranqüilamente na favela onde eu nasci, e poder me orgulhar, e ter a consciência que o pobre tem seu lugar.” Aí sim eu vejo o verdadeiro papel do funk, dizendo que existe uma voz, um discurso, convertendo-se em música e festa. E que esta voz pode começar a ecoar no morro, e descer para o asfalto, e chegar à Vila Olímpia e em outros cantos do mundo. E essa voz pode chegar em forma de bem de consumo, assim como todos os sons e músicas que estamos ouvindo. Porque mercantilizamos tudo em nossa sociedade capitalista, mas quando o pobre começa a se dar bem neste meio, nos sentimos incomodados, sentimos nosso mercado e nossos espaços nas prateleiras ameaçados, e queremos que eles fiquem quietos nos morros sem ocupar “nosso” espaço nas lojas. Há ainda as letras vazias, aquelas que servem apenas para brincar, fazer festa e extravasar, como uma que diz algo como “acende o celular” etc e tal. Podemos dizer o que for, mas só quem nunca pulou marchinhas de carnaval sem o menor nexo poderá atirar a primeira pedra. Com relação a qualidade da música, não posso nem me arriscar a opinar porque sou uma ignorante musical assumida. Prefiro ficar quieta, pois entendo apenas de dançar, dar risada e me divertir.
quarta-feira, novembro 08, 2006
A Vida
"A vida são deveres que nós trouxemos para fazer em casa...
Quando se vê, já são seis horas !
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já é Natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, passaram-se 50 anos !
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas...
Dessa forma, eu digo: não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo.
A única falta que terá, será desse tempo que infelizmente... não voltará mais."
Mario Quintana
Quando se vê, já são seis horas !
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já é Natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, passaram-se 50 anos !
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas...
Dessa forma, eu digo: não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo.
A única falta que terá, será desse tempo que infelizmente... não voltará mais."
Mario Quintana
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