quinta-feira, março 02, 2006

Entre o certo e o possível

Em psicologia, chama-se “dissonância cognitiva” o processo pelo qual procuramos justificar nossas escolhas por meio da valorização ou rebaixamento das qualidades dos nossos fatores de escolha. Por exemplo, se estamos em dúvida entre comprar uma bermuda ou uma saia, podemos fazer o raciocínio de que a saia será mais utilizada, enquanto a bermuda sairá de moda rápido, mas que por outro lado a bermuda é mais moderna enquanto a saia é mais comum. Desta forma, vamos relacionando uma série de fatores que podem pesar na escolha, até conseguirmos nos decidir. Logo após a escolha, então, começamos a valorizar o objeto escolhido, em detrimento da imagem que procuramos formar do que ficou de lado.É por estas e outras que tenho a impressão de que os ignorantes são mais felizes. Nossas escolhas são motivadas por aspectos racionais e emocionais. Como animais que somos, tendemos a nos deixar levar pelo aspecto emocional, por mais que tenhamos uma relação objetiva de aspectos racionais que poderiam nos fazer optar pela melhor alternativa.

Todo ser humano é racional, mas alguns o são mais do que outros. Quanto mais informação obtemos do mundo exterior, mas difícil ficam as decisões. Isto porque achamos que, com muitos dados na mão, podemos vencer nosso lado emocional. Mas, o animal humano também é vítima de seu coração. E, para piorar a situação, quando nos deixamos levar pelo lado emocional, sofremos mais, por saber que a atitude “mais inteligente” seria outra.

Quanto mais o tempo passa, e mais “informações do mundo exterior” obtenho, mais tenho a sensação de que a vida é mais fácil para quem não tem nada na cabeça. Estudar, ler, se informar... são atividades que complicam a vida, não caia na besteira de ser culto!

A vida é muito mais fácil para quem segue seus instintos, ama sem pensar, diverte-se como se não houvesse amanhã. A vida é bem mais agradável para quem não racionaliza, não pensa.Para quem pensa, reflete, a vida é um tormento. Uma dúvida constante. Uma indecisão eterna. A briga infinita entre o certo e o possível.