quarta-feira, novembro 21, 2007

Lei da oferta e da procura

A vida é como o mercado... para cada um, há um nicho. Respeite seu espaço, e você sempre será bem sucedido. Encontre sua especialidade... busque a sua realização... olhe menos para o lado. "Se você não pode ser o primeiro em sua categoria, crie uma categoria em que você possa ser o primeiro"...

terça-feira, julho 10, 2007

"Ideas are like metaphors. They are everywhere. Every issue of every newspaper, every casual conversation, every postcard, every commute to work, every cup of coffee is packed with ideas. Even if you've never written a word, you already have thousands of ideas bouncing around inside your skull. The trick is to figure out how to turn those ideas into a story. That's the hard part. And the fun part".

Pete Hautman

terça-feira, março 20, 2007

Uma música para o dia de hoje...

Put your records on

Three little birds, sat on my window
And they told me I don't need to worry.
Summer came like cinnamon ,so sweet,
Little girls double-dutch on the concrete.

Maybe sometimes,We’ve got it wrong, but it's alright.
The more things seem to change,the more they stay the same.
Oh, don't you hesitate.

Girl, put your records on,
tell me your favorite song.
You go ahead, let your hair down.
Sapphire and faded jeans,
I hope you get your dreams.
Just go ahead, let your hair down.
You're gonna find yourself somewhere, somehow.

Blue as the sky,sunburnt and lonely.
Sipping tea in the bar by the road side.
(just relax, just relax)
Don't you let those other boys fool you.
Gotta love that afro hairdo.

Maybe sometimes,we feel afraid, but it's alright.
The more you stay the same,the more they seem to change.
Don't you think it's strange?

Girl, put your records on,tell me your favorite song.
You go ahead, let your hair down.
Sapphire and faded jeans,I hope you get your dreams.
Just go ahead, let your hair down.
You're gonna find yourself somewhere, somehow.

Just more than I could take,pity for pity's sake.
Some nights kept me awake,I thought that I was stronger.
When you gonna realize,that you don't even have to try any longer?
Do what you want to.

Girl, put your records on,tell me your favorite song.
You go ahead, let your hair down.(go let your hair down)
Sapphire and faded jeans,
I hope you get your dreams.(hope get your dreams)
Just go ahead, let your hair down. (Baby, let your hair down)

Girl, put your records on,tell me your favorite song.
You go ahead, let your hair down.
Sapphire and faded jeans, (Sapphire and faded jeans)
I hope you get your dreams.
Just go ahead, let your hair down.
Oh, You're gonna find yourself somewhere, somehow

Corinne Bailey Rae

quinta-feira, março 08, 2007

Farsas solitárias

Eu queria escrever um texto sobre o Dia Internacional da Mulher. E não ia ser um texto sobre a mudança do papel da mulher na sociedade, nem sobre o fato de ganharmos menos do que os homens, e eu também não falaria sobre o tão importante tema da violência contra a mulher.

Porque estes fatos, e estes dados, me soam tão distantes que mal posso opinar. Porque eu fui criada por duas mulheres 40 anos mais velhas do que eu, que sempre trabalharam. Porque meu pai morreu quando eu tinha 5 anos e mal deixou lembranças. Porque eu tenho um irmão sete anos mais velho que hoje, quando telefono prá ele em plena terça-feira à tarde, está em casa dando frutinha para seu filho, pois sua mulher está fora, trabalhando e estudando.

E foi um choque para mim sair no mundo, e descobri que as mulheres que acreditam que devam servir e agradar o homem não são lenda. Assim como não o são aquelas que querem ter um emprego só para se ocupar, mas que acham que as contas da casa são obrigação dele.

Eu queria escrever um texto sobre o ser-humano que somos, que nasce e tem que decidir prá onde vai e o que vai fazer, e pode ir ou ficar independentemente de ser homem ou mulher. E pode ser delicado ou grosseiro, e ter um amante do sexo oposto ou não, e pode tantas outras coisas.
Mas quando eu me vi atrasada para o trabalho (de novo), e tão distante de tudo que a minha suposta ausência de limitação me prometeu, e quando bati o pneu na guia e vi aquela calota rodar prá tão longe, eu esqueci sobre o que ia escrever e pensei: “Que bom que eu não estou sozinha”.

quarta-feira, março 07, 2007

Assim não é, preste atenção

Baudrillard disse que a realidade já não existe e vivemos um permanente e conspiratório espetáculo de mídia. É verdade, porém o espetáculo já escapou aos palcos. Vivemos em uma daquelas peças interativas, em que não se sabe quem é ator e quem é platéia. Somos seres e personagens, atuando em nossa própria farsa.

segunda-feira, março 05, 2007

Alívio para as segundas-feiras

"... a vida é mesmo coisa muito frágil
Uma bobagem uma irrelevância
Diante da eternidade do amor de quem se ama..."


Por onde andei, Nando Reis

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Realidade

Na vida a gente realiza algumas coisas, e outras não... e há aquelas que a gente nem percebe que realizou. Mas a gente não deixa de ser quem é só porque não realizou tudo... a gente é quem é, independentemente de qualquer coisa. =)

Loucura 10 X Normalidade 0

Eu me lembro do comecinho da faculdade de jornalismo, um dos primeiros dias de aula, quando um dos futuros profissionais mais “engajados” da classe (daqueles que têm devoção por Chico, são de esquerda, fumam maconha e odeiam assessoria de imprensa), começou a cantalorar o que, segundo ele, seria a música da nossa formatura: “Se eu sou muito louco, por eu sei assim, mais louco é quem me diz, e não é feliz, não é feliz...”

Naquele momento, início de 1999, todos com seus 17, 18, 19 anos, a Balada do Louco, dos Mutantes, parecia resumir tudo o que éramos e que seríamos, e ser louco era sinônimo de tantas outras coisas como ser engajado, ser culto, ser inteligente... ser jovem idealista e ser jornalista.

Naquela época, a atitude determinada de quem já sabia qual música deveria ser tocada dentro de quatro anos, como quem sabe o que será, pois não anseia a mudança e a evolução, já me pareceu um tanto arrogante.

Ao longo dos quatro anos, a pretensão de 160 adolescentes que queriam se destacar sendo mais loucos dos que os outros se tornou mais e mais insuportável, e ser normal passou a ser um prazer e um objetivo.

Oito anos se passaram... a loucura deu lugar à normalidade e a normalidade à loucura, e hoje, sem perceber ou fazer qualquer relação com o passado, percebi que a música que me define em meu perfil do orkut é a Balada do Louco...

E aos 26 anos, indo para o meu emprego em assessoria de imprensa de uma agência de publicidade, ouvia Raul Seixas no carro quando percebi que só quer ser louco quem é muito normal, assim como não há um normal que não tenha um tanto de loucura dentro de si...

“...Vai pro seu trabalho todo dia
Sem saber se é bom ou se é ruim
Quando quer chorar vai ao banheiro
Pedro as coisas não são bem assim...

Toda vez que eu sinto o paraíso
Ou me queimo torto no inferno
Eu penso em você meu pobre amigo
Que só usa sempre o mesmo terno...

Tente me ensinar das tuas coisas
Que a vida é séria, e a guerra é dura
Mas se não puder, cale essa boca, Pedro
E deixa eu viver minha loucura...

Lembro, Pedro, aqueles velhos dias
Quando os dois pensavam sobre o mundo
Hoje eu te chamo de careta, Pedro
E você me chama vagabundo...

Todos os caminhos são iguais
O que leva à glória ou à perdição
Há tantos caminhos tantas portas
Mas somente um tem coração...

E eu não tenho nada a te dizer
Mas não me critique como eu sou
Cada um de nós é um universo, Pedro
Onde você vai eu também vou”

Raul Seixas, Meu Amigo Pedro

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Porque moro dentro de mim...

Quando criança, eu sempre planejei quem eu seria aos 15... aos 19 anos. No fundo, eram apenas protótipos de quem eu seria aos 25... 26. Eu imaginava a calça branca de pernas soltas e tecido leve, e a blusa de cor mostarda que mostrava levemente minha cintura, e os cabelos longos um tom mais claro do que o natural, e tudo isso representava mobilidade, leveza.
Eu sabia exatamente como seria meu apartamento, pois ele realmente existia em minha mente, e ele teria uma decoração moderna e leve, e na geladeira sempre haveria um suco gelado, e no quarto uma escrivaninha e na sala uma varanda onde eu poderia fumar um cigarro sem ser incomodada.

Pois bem, fizemos o protótipo, revisamos o esboço, já estamos na terceira ou quarta versão e o apartamento ainda não existe, a cintura não é tão fina e nem o cabelo tão longo... e às vezes me pergunto se há tanta leveza na vida quanto se imaginou... mas não tenho dúvidas de que aquela menina continua ali... na varanda, fumando seu cigarro... e imaginando como será aos 30... 35.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Linda saia


A leveza da saia rodada, erguida, girando.
Os cabelos presos que se soltam aos poucos...
Quanto de mim há em você?
Tão diferentes e tão parecidas ao mesmo tempo.
Se me vejo em ti, também te ajudo a ser por inteiro.

É o que eu sempre digo

De perto ninguém é normal.

Melhor viver a sua loucura, do que a loucura dos outros...

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

25 anos, 364 dias...

Erga sua cabeça, faça seu trabalho, viva sua vida da melhor maneira possível, e simplesmente esqueça o resto...

Ah, e não se esqueça de agradecer não somente por tudo que lhe foi dado até agora, mas principalmente por aquilo que você já conquistou.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Outra do Analista de Bagé

Existem muitas histórias sobre o analista de Bagé mas não sei se todas são verdadeiras.
Seus métodos são certamente pouco ortodoxos, embora ele mesmo se descreva como "freudiano barbaridade".
E parece que dão certo, pois sua clientela aumenta.
Foi ele que desenvolveu a terapia do joelhaço.
Diz que quando recebe um paciente novo no seu consultório a primeira coisa que o analista de Bagé faz é lhe dar um joelhaço.
Em paciente homem, claro, pois em mulher, segundo ele, "só se bate pra descarregá energia". Depois do joelhaço o paciente é levado, dobrado ao meio, para o divã coberto com um pelego.
- Te abanca, índio velho, que tá incluído no preço.
- Ai - diz o paciente.
- Toma um mate?
- Na-não... - geme o paciente.
- Respira fundo, tchê. Enche o bucho que passa.
O paciente respira fundo.
O analista de Bagé pergunta:
- Agora, qual é o causo?
- É depressão, doutor.
O analista de Bagé tira uma palha de trás da orelha e começa a enrolar um cigarro.
- Tô te ouvindo - diz.
- É uma coisa existencial, entende?
- Continua, no más.
- Começo a pensar, assim, na finitude humana em contraste com o infinito cósmico...
- Mas tu é mais complicado que receita de creme Assis Brasil.
- E então tenho consciência do vazio da existência, da desesperança inerente à condição humana. E isso me angustia.
- Pois vamos dar um jeito nisso agorita - diz o analista de Bagé, com uma baforada.
- O senhor vai curar a minha angústia?
- Não, vou mudar o mundo. Cortar o mal pela mandioca.
- Mudar o mundo?
- Dou uns telefonemas aí e mudo a condição humana.
- Mas... Isso é impossível!
- Ainda bem que tu reconhece, animal!
- Entendi. O senhor quer dizer que é bobagem se angustiar com o inevitável.
- Bobagem é espirrá na farofa. Isso é burrice e da gorda.
- Mas acontece que eu me angustio. Me dá um aperto na garganta...
- Escuta aqui, tchê. Tu te alimenta bem?
- Me alimento.
- Tem casa com galpão?
- Bem... Apartamento.
- Não é veado?
- Não.
- Tá com os carnê em dia?
- Estou.
- Então, ó bagual. Te preocupa com a defesa do Guarani e larga o infinito.
- O Freud não me diria isso.
- O que o Freud diria tu não ia entender mesmo. Ou tu sabe alemão?
- Não.
- Então te fecha. E olha os pés no meu pelego.
- Só sei que estou deprimido e isso é terrível. É pior do que tudo.
Aí o analista de Bagé chega a sua cadeira para perto do divã e pergunta:
- É pior que joelhaço?

Luis Fernando Veríssimo, inicio da década de 80.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Tudo é possível


Felicidade é ter a possibilidade de mudar...
"...o medo é do Deus ou do demo?
É ordem ou é confusão?
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão
Medo de fechar a cara, medo de encarar
Medo de calar a boca, medo de escutar
Medo de passar a perna, medo de cair
Medo de fazer de conta, medo de dormir
Medo de se arrepender, medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez
Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo... que dá medo do medo que dá"
Pedro Guerra/Lenine/Robney Assis

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Plante seu jardim...


As palavras certas, quando ditas pelas pessoas erradas, tornam-se vazias.
Quando ditas pelas pessoas certas, porém, ganham o dobro de significado.
Eu sempre gostei deste texto, mas agora ele falou ainda mais alto para mim...


"Depois de algum tempo você aprende a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar a alma.
Aprende q amar não significa apoiar-se e que companhia nem sempre significa segurança.
Que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
Começa a aceitar suas derrotas de cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não a tristeza de uma criança.
Aprende a construir todas as sua estradas no hoje, porque o terreno de amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Aprende que sol queima se ficar exposto por muito tempo e que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam.
Aceita que não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo às vezes e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar as dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança e segundos para destruí-la.
Que você pode fazer coisas em um instante que se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
Que o importante não é o que você tem, mas quem você tem na vida.
Aprende que não temos que mudar de amigos se aceitarmos que os amigos mudam. Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pois pode ser a última vez que a vejamos.
Aprende que as circunstâncias e a os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos os responsáveis por nós mesmos.
Não se deve comparar com os outros , mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que você controla os seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexivel não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa o quão delicada seja a situação, sempre existem dois lados.
Aprende que paciência requer prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a se levantar.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e do que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.
Que há mais dos seus pais em você do q você suponha.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar, mas não de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito q você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo que pode, pois existem pessoas que nos amam mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado, você tem que aprender a perdoar-se.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coraçao foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Que o tempo não é algo que possa voltar pra trás.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores!"

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Prece

"Eu não quero tudo de uma vez não,
Eu só tenho um simples desejo...
Hoje eu só quero que o dia termine bem".

= )

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Noia 2

Criar fantasmas é como criar um cachorrinho...
Se você quer ter, tem que ter saco prá cuidar...

terça-feira, janeiro 30, 2007

A busca

O que você está procurando?

"Eles olharam a roda gigante,

e de longe ela não parecia estar girando.
Mas era provável que estivesse sim."
Nick Hornby

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Dos nossos males

A nós bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenina.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais...

Mário Quintana

E a gente nem cobra ingresso...

O que a gente começa a reparar é que tem gente que assiste, e tem aqueles que atuam.
É claro que no fundo todos vieram com vocação para serem atores da própria vida, personagens principais da própria história, viemos para dominar nosso próprio palco e fazer da nossa aventura imperdível para nós mesmos.
Mas a aventura, sinto dizer, é imperdível somente para nós mesmos, e não há graça que se compare a de viver intensamente.
Olhar para os outros é aprender, assimilar possibilidades, guiar-se por exemplos. Digerir, repensar, interpretar, e depois fazer tudo diferente, mesmo que seja exatamente igual.
Incomodam os olhares, as expressões faciais que fingem não serem reações. Incomodam os sorrisos de canto de quem não quer opinar,mais do que as opiniões abertas e claras.
Um dia, a gente cansa de se justificar, e decide apenas viver.
E entende porque há alguns que riem tanto.
É tão mais fácil...

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Assim é, se lhe parece...


"Ciranda da Bailarina"

Procurando bem todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem

E não tem coceira
Berruga nem frieira
Nem falta de maneira
ela não tem

Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem

Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida

Ela não tem

Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem

Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem?

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina

Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem

Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem

O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina

Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem

Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem

Procurando bem
Todo mundo tem


Edu Lobo / Chico Buarque