terça-feira, março 22, 2011

Quando eu tinha 20 anos

Quando eu tinha 20 anos eu achava que sabia de tudo. E que tudo seria muito fácil.Talvez até eu achasse que não seria tão fácil, mas achava que seria sim, assim, do jeito que eu planejava.

Em dez anos eu desaprendi muitas coisas. Esqueci o que é saber de tudo, esqueci o que é ter a segurança de quem ainda não tropeçou algumas vezes. Aprendi que a gente erra, acerta, erra de novo, e aprendi que essa é a verdadeira graça da vida. Descobri que a gente não sabe de nada, que nada sairá exatamente como a gente planeja e que, se saísse, com certeza não seria tão divertido.

Quando eu tinha 20 anos eu era arrogante, tinha o nariz empinado e menosprezava quem ainda não tinha chegado “lá”. Hoje eu ainda não cheguei “lá”, mas cheguei e passei por lugares que eu jamais poderia imaginar aos 20.

segunda-feira, março 21, 2011

Meu lugar favorito em São Paulo


Enquanto os paulistanos lamentavam o fechamento do Cine Belas Artes, um dos últimos representantes dos autênticos cinemas de rua de São Paulo, eu aproveitava o tempo no meu lugar favorito na minha cidade: o Cine Segall.

Escondido em uma rua tranquila da Zona Sul, o cinema pertence ao museu de mesmo nome. A chegada é sempre agradável. Rua de paralelepípedos, vagas na rua, com sobradinhos modernistas tombados em frente, e uma entrada tão discreta que pode passar a impressão de se estar entrando no lugar errado em uma primeira visita.

A sala é pequena, a qualidade de som ruim, porém o repertório de filmes é muito bom. Assisti a Biutiful, um maravilhoso soco no estômago, que não decepciona aos entusiastas do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu.

As sessões são vazias (sexta, às 19h, havia apenas 4 pessoas na sala), mas a sensação é de preenchimento. É como ir ao cinema no quintal de casa.


Uma pequena cafeteria dá um charme a mais ao lugar, enquanto eu torço para que ele continue assim, quase esquecido, discreto, longo das polêmicas e das ameaças de fechamento.


Uma matéria publicada no jornal Ipiranga News e exposta no mural do museu garante que o Cine Segall não corre risco de fechamento. Isto porque ele é favorecido por pertencer ao Museu.

Assim seja.