terça-feira, dezembro 19, 2006

Natal...


Este ano a sensação de fim de ano chegou mais cedo para mim. Em meados de outubro, o balanço de fim de ano já tinha sido concluído, com a devida sensação de rebarbas a aparar, e de tudo que precisava ser resolvido para que um novo ciclo pudesse se iniciar em terreno limpo e fértil.

Em novembro, tudo parecia caminhar bem, até que em dezembro algo saiu do trilho e tudo o que poderia dar errado deu, tudo que parecia caminhar para uma realização virou frustração, tudo o que já estava definido se indefiniu inesperadamente e as reações e atitudes foram as menos aguardadas, com os respectivos questionamentos respondidos das maneiras mais inacreditáveis, e a tristeza chegou para ocupar seu lugar quando só esperava estar triste novamente lá para junho do ano que viria...

Talvez por tudo isso, a leve melancolia natalina, que nunca precisou ser triste, tomou uma proporção de questionamento muito maior. A árvore do Ibirapuera, as canções natalinas em inglês, o enfeite gigante do Shopping Iguatemi, as cores do Banco Real, iluminaram a sensação de vazio diante de tanta miséria, de tanta fome, de tanta falta de oportunidade.

E por vezes tive vontade de ser uma criança de rua, só para poder destruir tudo durante a noite, e tirar de perto de mim a visão da falsidade ideológica que tomou conta de uma festa que deveria ser de amizade e colaboração.

Quem foi que permitiu que a data de nascimento do maior messias que já existiu virasse pretexto para movimentar o comércio, por que permitir que vermelho da Coca-Cola se espalhasse pelas ruas de um país como o Brasil, onde a seca mata milhares de pessoas de sede, onde está a igreja que não diz ao povo que esta é a maior mentira em que se pode acreditar... e não questiona o ridículo do ser-humano?

Eu não tenho vontade de comprar presentes de Natal... eu queria dar a todos que amo um trecho da Bíblia, que falasse sobre igualdade e sobre fraternidade, e que falasse sobre simplicidade e humildade.


E que mostrasse, sobretudo, a imagem de um presépio, provando que, quando de onde deveria vir acolhimento, surge somente incompreensão, arrogância, pretensão e injustiça, é de onde menos se espera que surge carinho e aquele abraço, aquele sorriso e aquela palavra que a gente simplesmente morreria se não pudesse sentir...

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Memórias de vida High-Tech

O que move as pessoas a colecionar fatos, vídeos, momentos, experiências, objetos sem importância, vidas e histórias de outras pessoas?
Validação, sensibilidade, vaidade, auto-estima, vontade de superar a mortalidade?
Na era em que o intangível supera o tangível, este é o lugar certo na história para colecionar, guardar e registrar experiências de vida.
As possibilidades incluem blogs - registro online de pensamentos e situações, que podem incluir álbum fotográfico, musical ou melhor ainda, vídeos - pura vida em movimento. ... Diferentemente do passado, estes momentos de vida não são mais guardados em uma linda caixa no fundo do armário, mas compartilhados com a própria solidão, com a família, amigos reais e virtuais internet afora...


Beth Furtado
Às vezes é tão duro não ter com quem contar...

sábado, dezembro 09, 2006

Do porquê de observar

Agora que já me achei em ti
Já não preciso mais olhá-la
Obrigada por me entregar o espelho
Com o qual enxerguei mais fundo minha alma.

Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Jardim interior

Todos os jardins deviam ser fechados,
com altos muros de um cinza muito pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por ele passa indiferente.

Mário Quintana

quinta-feira, dezembro 07, 2006

"Saber viver" é a arte de levar desaforos prá casa.

Os degraus

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos – onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!

E é um sonho louco este nosso mundo...

Mario Quintana

terça-feira, dezembro 05, 2006

Agradecimento

Quando os anjinhos dizem amém, a gente só tem que agradecer por tudo o que já conquistou.

quinta-feira, novembro 30, 2006

Mantenha o respeito

Para a incompreensão, há somente o silêncio.
Não o silêncio que isola, o silêncio da solidão.
O silêncio da segurança e da tranqüilidade.
O silêncio de quem aprendeu a ouvir o que os outros pensam, mas não a se guiar por isso.
O silêncio de quem desistiu de esperar por reconhecimento, mas não de sentir orgulho de quem se é.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Acontecimentos

Eu espero acontecimentos
Só que quando anoitece
É festa no outro apartamento

Todo amor
Vale o quanto brilha
E o meu brilhava
E brilha de jóia e de fantasia

O que que há com nós dois, amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim

Era fácil
Nem dá prá esquecer
E eu nem sabia
Como era feliz de ter você

Como pode
Queimar nosso filme
Um longe do outro
Morrendo de tédio e de ciúmes

O que que há com nós dois, amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim

(Marina Lima/ Antonio Cícero)

terça-feira, novembro 21, 2006

Somos todos chatos

De perto ninguém é normal... Cada louco com sua mania... Ventania insiste em dizer que raros são os loucos, mas a verdade é que raro é encontrar alguém que não tenha sua idiossincrasia chata, se não raro impossível.

Terapia devia ser matéria na escola, e para andar na rua devia ser necessária carteirinha de bem resolvido. Seria da natureza do ser-humano a tentativa constante de auto-afirmação? Ou seria mais um fenômeno da sociedade sufocante em que tudo é competição?

A convivência é difícil, mas olhar para a beleza é um exercício que não pode ser substituído pela visão das chatices que insistem em saltar aos olhos.

Olho para mim e vejo minhas limitações, olho para o outro e vejo que ninguém é perfeito, embora tentemos o tempo todo nos provar que sim.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Nóia

Crie seus fantasmas, e eles lhe perseguirão de verdade.
Imagine o belo, e aproveite um instante de tranqüilidade.

terça-feira, novembro 14, 2006

Saber e entender

Na escola, ouvimos repetidas vezes que precisamos “entender” a matéria, ao invés de decorar. E, quando alunos esforçados, passamos dias sobre páginas de história e geografia e exercícios de matemática. Inocentes, acreditamos entendê-las.

Inexperientes, não percebemos que estamos exercitando o acumulo de conhecimento como exercitamos o acumulo de bens materiais e dinheiro. E crescemos acreditando que aprendemos algo.

Um dia parece que tudo começa a fazer um pouco mais de sentido. E, pela primeira vez, notamos que o conhecimento adquirido não é o mesmo que aquele que pode ser compreendido.

É como se não tivéssemos visto nenhum filme até hoje. Como recém alfabetizados, lemos as revistas pela primeira vez.

Ler o mesmo livro duas vezes nunca é uma repetição.

O livro ainda é o mesmo. Mas nós já não somos mais.


Pensar o mesmo texto duas vezes é impossível. Aquela que era pela manhã já não o é mais às 12h25.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Metrópole

A gente tende a pensar, a ouvir e a dizer, que o que falta no mundo de hoje é confiança. Vários fatores, como a violência e a ambição, fazem a gente ter medo do outro, desconfiar. Parece que as pessoas andam com o pé atrás, com medo de se mostrar, de ser sinceras sobre quem são e sobre o que sentem, sobre o que pensam e o que pretendem.

Esta insegurança faz a gente ficar mais fechado, mais falso e mais superficial também. Porque quando não dá para falar a verdade, e quando a gente não gosta de mentir, acaba falando de futilidades. Acaba colocando coisas menos importantes na pauta da conversa para evitar se abrir e contar coisas que não sabemos de que forma serão utilizadas.

A banalização de tudo banalizou a confiança também, e os conceitos de amizade, de coleguismo e parceria vão se diluindo. A sua vida é banal para o seu amigo, e a vitória do outro é banal para você.


Valorizar quem está ao seu lado virou um ato de submissão quando o que se precisa é mostrar como se é melhor, mais importante e mais sofredor. Sofrer virou motivo de orgulho e eu já não entendo mais nada.

quinta-feira, novembro 09, 2006

05/10/04

O funk carioca desceu o morro e agora, em uma nova fase, virou fashion. Com ele chegou ao asfalto a alegria daqueles que sempre rebolaram em frente à televisão, frustrados por saberem que não seriam bem-vindos aos bailes funk. Desceu também a revolta de muitos que vêem as letras como alusão e incentivo à violência, ao sexo inconseqüente e à exploração da mulher. Sabemos que boa parte das letras trata de sexo, mas eu não saberia dizer se trata-se da maioria ou não. Independentemente disso, me incomoda menos o fato de haver letras consideradas “pornográficas” do que saber que existe um comportamento generalizado de valorização do corpo em detrimento da cultura, a famosa embalagem no lugar do conteúdo. E este comportamento não prevalece apenas entre os pobres, os miseráveis, mas muito mais entre as classes média e rica, que lotam clínicas de estética e de cirurgia plástica, em busca da beleza comprada, fácil e cara. Não me incomoda, no entanto, pensar que, em forma de música e dança, as mais acessíveis expressões populares, os moradores do morro carioca conseguiram mostrar à classe média e agora, ao poucos, ao mundo, a realidade de seus jovens, de seus homens e de suas meninas. Me incomoda profundamente pensar que meninas estão sendo exploradas sexualmente e ensinadas (por seus pais, mães, padrastos, amigos, pela TV, pelas novelas, pela “Malhação”, pelo cinema norte-americano etc) que seu papel é ser uma serviçal do sexo proporcionando satisfação aos homens. Mas me agrada a idéia de que as mulheres estão virando o jogo, em figuras surpreendentes como a de Tati Quebra-Barraco. Ao nossos olhos desacostumados à sinceridade o fato gera desconforto e um convite à revolta. Outro ponto. Há muitas músicas que não se referem ao sexo. Me parece muito interessante ouvir letras como “É som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado”; ou “Eu só quero é ser feliz, andar tranqüilamente na favela onde eu nasci, e poder me orgulhar, e ter a consciência que o pobre tem seu lugar.” Aí sim eu vejo o verdadeiro papel do funk, dizendo que existe uma voz, um discurso, convertendo-se em música e festa. E que esta voz pode começar a ecoar no morro, e descer para o asfalto, e chegar à Vila Olímpia e em outros cantos do mundo. E essa voz pode chegar em forma de bem de consumo, assim como todos os sons e músicas que estamos ouvindo. Porque mercantilizamos tudo em nossa sociedade capitalista, mas quando o pobre começa a se dar bem neste meio, nos sentimos incomodados, sentimos nosso mercado e nossos espaços nas prateleiras ameaçados, e queremos que eles fiquem quietos nos morros sem ocupar “nosso” espaço nas lojas. Há ainda as letras vazias, aquelas que servem apenas para brincar, fazer festa e extravasar, como uma que diz algo como “acende o celular” etc e tal. Podemos dizer o que for, mas só quem nunca pulou marchinhas de carnaval sem o menor nexo poderá atirar a primeira pedra. Com relação a qualidade da música, não posso nem me arriscar a opinar porque sou uma ignorante musical assumida. Prefiro ficar quieta, pois entendo apenas de dançar, dar risada e me divertir.

As cores da vida

21/06/04

Faz um tempo que estou querendo falar sobre preconceito de uma forma mais longa, porque este é um assunto sobre o qual eu penso sempre e repetidamente e que me incomoda muito. Me incomoda não apenas porque eu sinta uma carga considerável de preconceito contra mim mas também porque sinto que eu já fui muito preconceituosa e que isso limitou muito minha vida até pouco tempo. Eventualmente eu até falo alguma coisa sobre o assunto mas não vou muito longe porque não quero tomar o tempo de quem está me ouvindo em momentos que geralmente são de descontração, fora que eu tô ligada que muitas vezes meus comentários parecem de caráter pessoal e sobre alguma atitude específica do meu interlocutor, e o medo de parecer agressiva acaba me fazendo ficar quieta.
Bom, vamos ao assunto: eu odeio preconceito. De todos os defeitos que uma pessoa pode ter tenho quase certeza que o preconceito é o pior. Porque o preconceituoso parte do princípio de que ele é superior, de que suas escolhas e suas preferências são superiores do que as dos outros, e de que os outros ainda não atingiram sua capacidade de avaliação das coisas, das músicas, das roupas, e não fazem escolhas tão apropriadas.
Eu não estou falando de preconceito de raça, de cor, de credo. Estes são os piores, certamente, mas sobre estes muito já se falou e já se tornou inclusive ultrapassado falar, pois se tornou ultrapassado ter este tipo de preconceito.
Mas muitos que se julgam abertos a conviver com pessoas de cor diferente da sua ou com uma atitude sexual diferente não percebem os pequenos preconceitos que repetidamente deixam sua vida menos completa.
É isso mesmo. O preconceito faz com que sejamos menos completos. Eu explico: se eu gosto da cor azul porque acho que o azul é a cor mais bonita, a mais chique, a mais sofisticada, até aí nenhum problema. Todos, ou muitos, tem preferência por uma cor. Mas se me recuso a olhar para o preto, porque o considero sem graça, depressivo, feito, dou uma cor a menos a minha vida. Isso vale prá tudo: artes em geral (música, literatura, cinema), moda, baladas, profissão, sexualidade. Vamos vestir todas as cores da vida!!! Ou ao menos conhecê-las, conversar com alguém que as veste. Vamos conhecer uma balada completamente diferente, falar com alguém que trabalha em uma área totalmente diferente da nossa, rir de nossas próprias preferências. Cuidado: o preconceito está enraizado em cada um de nós, e ser preconceituoso não é uma agressão contra o outro. É uma agressão contra nós mesmos. Preconceito é uma atitude limitadora que nos impede de conhecer todas as cores da vida.

quarta-feira, novembro 08, 2006

A Vida

"A vida são deveres que nós trouxemos para fazer em casa...
Quando se vê, já são seis horas !
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já é Natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, passaram-se 50 anos !
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas...
Dessa forma, eu digo: não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo.
A única falta que terá, será desse tempo que infelizmente... não voltará mais."

Mario Quintana

terça-feira, outubro 31, 2006

Balança

Já falei aqui que concordo com a idéia de que a vida é um grande vazio preenchível. Como completá-lo é a nossa grande questão. Avaliar o que vale a pena entrar em nossos dias, e o que merece ser simplesmente descartado, ignorado, é como um jogo, quase uma brincadeira.

Há algumas escolhas na vida que são de fato decisivas, definitivas, mas a verdade é que a vida é feita de muitas outras escolhas que são pequeninas, e parecem que não vão nos influenciar em nada.

São pequenas decisões que tomamos o dia inteiro, e que aparentemente são inofensivas, e que de fato realmente o são. Mas que, juntas, fazem a nossa vida ser o que é e não algo diferente, fazem com que no final de tantas pequenas opções tenhamos chegado neste lugar e não naquele.

E quando percebemos isso, percebemos também porque se deve dar importância às pequenas coisas, às pequenas atividades diárias, ao invés de simplesmente pensar que, por serem pequenas e simples, elas não merecem nossa atenção.

Compensação

É um exercício de persistência e paciência dedicar-se a estas pequenas coisas. Pois o impulso é de evitá-las, pular as etapas chatas e compensar a existência delas com atividades mais prazerosas.

O Eduardo Gianetti, em suas palestras baseadas no livro “Felicidade’”, diz que a realização profissional é fundamental e que, na ausência dela, acabamos partindo para compensações. A gente pode tentar compensar a insatisfação no trabalho fazendo compras, por exemplo.

Na verdade a gente tende a fazer isso em vários aspectos da vida, creio eu, e não somente no profissional. Problemas no relacionamento podem nos levar a compensar a frustração com comida... a ausência do pai pode nos levar a fumar... e assim por diante. A psicologia deve ter uma explicação bem consolidada para isso e eu não a conheço, mas espero poder um dia entender isso melhor.

As questões são: até que ponto o prazer da compensação nos fará felizes? O quanto de coisinhas chatas somos capazes de suportar? Dá prá acreditar que é possível sentir-se realizado sem buscar por estes prazeres mais acessíveis? Por que algumas pessoas parecem ser felizes com o que tem, sem necessidade de procurar por estas compensações?

segunda-feira, outubro 30, 2006

Espelho

"Um dia, enquanto esperava seu cabeleireiro se desocupar, folheava as revista à procura de alguma idéia para mais uma nova mudança.
Encontrou.
Ficou durante um tempo contemplando.
A mulher da fotografia, os cabelos brilhantes na paisagem sem sol da Escócia, olhava distante a relva verde: parecia que o mundo todo estava correto ali.
Não era o cabelo.
O que queria mesmo era estar naquele lugar, com aquele olhar, com aquela roupa.
Queria ser aquela mulher.
Mas percebeu que jamais seria.
Simplesmente porque ela era ela. E porque aquela mulher não existia.
Não era melancolia nem tristeza. Era o desejo de ser ela mesma.
Percebeu que só se encontrava no olhar dos outros.
E que estava, banalmente, condenada a ser ela mesma, a se inventar, espreitando as imagens de outras, que eram irremediavelmente outras".

Vânia Reis, psicoterapeuta. TPM, outubro de 2006.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Eu não sou o MÁ-XI-MO??

Deslumbramento. Falta de humildade.
O que lhe falta é olhar ao redor.

Mas não olhe somente prá tão perto.
Procure olhar além, veja onde você vive, vizualisse seu mundo, seu país.
Perceba quem é a sua sociedade.
Se você não os enxerga, não poderá me enxergar também.

Por que você não pára por um instante, e olha para quem está ao seu lado?
Por que você não procura enxergar o óbvio, e vê que há espaço para todos?
Pare, pense.
A felicidade do outro não inviabiliza a sua.
O que eu tenho a aprender com você?
Pare. Olhe. Aprenda algo comigo. E eu sei tão pouco...

quarta-feira, outubro 18, 2006

Ponha seu preço

Ponha seu preço.
Atribua seu valor.
Quando você se valoriza, tem sempre alguém ali, para te desvalorizar.
Quando você não se valoriza... é porque você não se valoriza.
Tem sempre alguém que precisa brilhar.
Tem sempre que ter um peão fosco.
Tem gente que não tem a grandeza de perceber o tamanho do céu.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Vazio e cheio

E a gente se dedica tanto a tantas coisas, quando no fundo são tão poucas as que realmente importam.

Há um intervalo tão grande entre uma e outra...

Desconfio que este intervalo seja a vida.

Pena que, na ânsia de preenchê-la, acabamos esquecendo de viver.

quarta-feira, outubro 11, 2006

24/novembro/2004

"... Eu desejo alguém que saiba aproveitar cada segundo de felicidade, e que pense no presente muito mais que no futuro. Eu quero alguém que me tire o fôlego, e me faça rir, e ria de mim sem me intimidar, e que me faça gargalhar quando me leva a sério, e eu desejo que haja muita diversão em nossa vida... Quem eu quero precisa de mim, e sua vida nunca mais será a mesma depois de me encontrar, e me amará tanto quanto a si mesmo, e será capaz de mudar tudo por mim, mas não mudará nada, sabendo que eu não desejo a mudança, e sim a complexidade de ser dois, e ser um só..."

terça-feira, outubro 10, 2006

Os dois lados

A vida é mesmo feita de escolhas.
Não, não se pode ter tudo.
Sim, eu queria ser duas.

sábado, outubro 07, 2006

Viva a diferença!

A sociedade da comparação vive de nos fazer sentir inferiores simplesmente porque não somos iguais. Mas a sociedade da comparação se esquece que simplesmente não nos importamos, e que há alguém dentro de nós que se orgulha de ser quem é, justamente por ser incomum.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Crescendo

Enquanto o lado de cá sabe que manter tudo como está é o caminho, que a alegria está na simplicidade e que a simplicidade está em ser exatamente quem se é, permitindo-se toda a integridade de uma criança, o lado de lá sabe que assim não se pode ser prá sempre e que ser mais do que isto também é ser por inteiro.

Entendeu? haha

terça-feira, setembro 26, 2006

quinta-feira, setembro 21, 2006

Smile

Um sorriso não vale somente mais do que mil palavras.
Um sorriso verdadeiro pode valer por uma vida inteira.


:)

segunda-feira, setembro 04, 2006

Ser é ser sozinho

E no fim, quem é bom e quem é mal?
Eu tendo a acreditar que todo mundo é bom na essência e, se fez mal para alguém, não foi por querer. A razão de saber perdoar está ai, está em acreditar que se esse alguém soubesse o mal que estava te causando, e tivesse os recursos para medir isso, não o faria. Não te magoaria.

Amar aos outros como a si mesmo só é possível quando se ama a si mesmo realmente, mas sem o egoísmo, e sim com a consciência de ser único e, ai sim, aprender a amar a diferença no outro.

Uma das fases mais relevantes da vida é quando a gente percebe que não deve ter pena de ninguém. Mas, às vezes, quando ninguém tem dó da gente, é ai que começamos a sentir dó de verdade dos outros. Parece que a gente se torna responsável pelos outros, a gente aprende a cuidar de si e acha que tem que cuidar dos outros também. Mas ai a gente lembra que, se encontrou forças dentro de nós mesmos, dentro dos outros deve haver força também, e torce para que os outros saibam encontrá-las.

A gente torce pelo dia em que vai se sentir mais leve, mas ao mesmo tempo se sente mais leve só de saber que, mesmo que quiséssemos, não poderíamos ajudar, assim como um dia não fomos ajudados e só por isso nos tornamos quem somos. Este é o resumo de tudo. A essência do existir. De existir integralmente, sem muletas, sem sem carregado no colo pelo resto da vida.

Ser é ser sozinho.

terça-feira, agosto 29, 2006

Não vale nem uma música dedicada nesse blog

"...você não vale a pena,
não vale uma fisgada dessa dor,
não cabe como rima de um poema, de tão pequeno
mas vai e vem e envenena,
e me condena ao rancor..."

quinta-feira, agosto 17, 2006

Stuck In A Moment

I'm not afraid of anything in this world
There's nothing you can throw at me
That I haven't already heard
I'm just trying to find a decent melody
A song that I can sing in my own company
I never thought you were a fool
But darling, look at you
You gotta stand up straight, carry your own weight
These tears are going nowhere, baby
You've got to get yourself together
You've got stuck in a moment and
now you can't get out of it
Don't say that later will be better
Now you're stuck in a moment and
you can't get out of it
I will not forsake, the colors that you bring
The nights you filled with fireworks
They left you with nothing
I am still enchanted by the light you brought to me
I listen through your ears,
and through your eyes I can see
And you are such a fool to worry like you do
I know it's tough, and you can never get enough
Of what you don't really need now...
my oh my
You've got to get yourself together
You've got stuck in a moment and you can't get out of it
Oh love look at you now
You've got yourself stuck in a moment and
you can't get out of it
I was unconscious, half asleep
The water is warm till you discover how deep...
I wasn't jumping... for me it was a fall
It's a long way down to nothing at all
You've got to get yourself together
You've got stuck in a moment and
you can't get out of it
Don't say that later will be better
Now you're stuck in a moment and
you can't get out of it
And if the night runs over
And if the day won't last
And if our way should falter
Along the stony pass
And if the night runs over
And if the day won't last
And if your way should falter
Along this stony pass
It's just a momentThis time will pass

segunda-feira, agosto 14, 2006

Agora... ou nunca mais

Eu quero um mundo de perfumes, carinho e livros bons.
Eu quero minha casa, uma vez na vida, com solzinho na janela, edredon fofo.
Eu não quero repetição, eu quero o novo e quero agora.
Férias eternas.
Música boa.
Trabalhar com que se gosta.
Eu quero a eterna insatisfação seguida da busca pelo novo, pelo melhor. Evolução.
Só assim me sinto viva. Só assim existo.Você? Nunca mais...

quinta-feira, agosto 10, 2006

Me odeie

Não me chame de querida. Eu não quero ser sua linda, sua fofa. Por favor, não me mercantilize. Por favor, me ignore, me deixe de lado, me odeie. Eu quero que você tenha nojo de mim, eu quero que você me veja. Por favor, olhe para mim e diga se você não tem pena, se você não me mandaria pra bem longe. Por favor, me mande para outra dimensão. Me mande para outro espaço antes que este fique pequeno demais para nós dois. Por favor, me ignore, me exclua do seu grupo. Só te peço, não me ame, não me chame para a festa. Eu não quero que você me abrace, nunca, jamais me beije. Não me trate como qualquer, por favor, me odeie.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Diga sete

Dizem que sete é o número que se deve utilizar para listas memorizáveis. As sete maravilhas do mundo, os sete hábitos de pessoas altamente eficazes, Branca de Neve e os sete anões.
Eu queria saber, quais são as sete coisas que você precisa fazer antes de se tornar uma pessoa séria.
Quais são seus sete medos, e as sete vergonhas pelas quais você ainda vai passar.
Suas sete maiores cagadas, e as sete verdades que você nunca queria ter dito.
Seus sete maiores erros, me diga quais são seus sete desejos inconfessáveis.
Me diga, você tem sete esperanças, sete sonhos?
Sete dias na semana para tornar-se uma pessoa melhor.
Sete porres, sete empregos errados, sete línguas para aprender, sete chances de ser melhor, sete arrependimentos, sete luzes no fim do túnel.
Sete momentos em que você acha que nunca vai se livrar deste peso, sete caras nada a ver, sete baladas chatas, sete baladas incríveis, sete vontades de te mandar prá bem longe.

Sete dias de solidão. Sete dias de incompreensão.
Sete vontades de voltar atrás.
Sete pessoas para sempre na sua vida.
Sete vidas.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Ou isso, ou aquilo

Não sei se caso, compro uma bicicleta, ou fujo com o dono da bicicletaria... :P

terça-feira, agosto 01, 2006

quinta-feira, julho 27, 2006

Liberdade prá dentro da cabeça

A gente passa boa parte da vida procurando ocupações... preenchendo nosso tempo com coisas que justifiquem e dêem sentido à nossa existência.
Mas, é muitas vezes no intervalo entre uma ocupação e outra, entre uma coisa séria e útil e outra, que a gente se reconhece vivendo o que temos de melhor. Porque o melhor da vida é descobrir um prazer incrível em uma música velha perdida no computador, e dançar enlouquecidamente consigo mesma, e ver o próprio sorriso se abrir e ter a certeza de que nada nem ninguém pode entender completamente este momento, mas que isso não importa, já que nada nem ninguém pode entender exatamente o que existe dentro do nosso peito e de nossa cabeça, e que às vezes precisamos deste tempo para poder, sem querer, sem planejar, cair dentro de nós mesmos e mergulhar sozinhos no mais incrível vazio de explicações e limites, mas numa imensidão do maior significado que pode existir.
E saber que quem tem isso tem tudo, e que todas as atitudes, baladas, corpos, futuros, cabem neste universo particular invisível aos outros, mas totalmente e absolutamente completo e auto-sustentável.
Às vezes o que a gente precisa é simplesmente fechar a porta de casa, fechar as portas que permitem que outras pessoas invadam nossa vida, ligar o som bem alto para apagar o som do mundo exterior e abrir a mente, os ouvidos, o coração para o mundo que existe dentro de nós, e que é só nosso, e tão incrivelmente nosso, e entender que tudo faz sentido e nenhuma falsa felicidade mais é necessária quando se existe esta possibilidade tão mágica.

sábado, julho 22, 2006

We try harder

Eu, ás vezes, sinto vontade de ser uma pessoa melhor.
Não exatamente um outra pessoa melhor, mas sim o meu melhor.
Não é uma questão de competitividade, não é aquele “mais que o possível” pregado pelas empresas aos seus funcionários.
É um melhor que deve vir de dentro, uma excelência de caráter, que trancenda o espiritual e se reflita nos meus olhos, na minha pele, na minha pessoa inteira.
Eu às vezes sinto que poderia ser tão mais, e que em alguns momentos fui tão, mas tão menos do que poderia ter sido, que isto me trás um misto de insegurança, culpa e raiva.
Insegurança porque dá medo de não conseguir ser tão “legal” quanto se pode ser, tão gentil, tão interessante, tão bonita e admirável.
Culpa por ter vivido situações desagradáveis e proporcionado tristeza a outras pessoas.
Raiva por ter passado por momentos ruins, por ter sido o meu pior em alguns momentos.
O Nick Hornby tem um livro chamado “How to be nice”, que discute algo mais ou menos assim: como ser legal? o que é ser legal, enfim?
Talvez ser legal seja ser do jeito que a gente se sinta bem consigo mesmo. Mas, será que dá pra se sentir bem consigo mesmo se os outros se sentirem mal com a gente? Por que às vezes a gente tem que fazer os outros se sentirem mal para poder a gente mesmo se sentir bem?

Será que todo mundo vai ser feliz no final? O quão longe fica o final? O que será que dá pra gente fazer para que os outros também se sintam bem, e aí gente se sinta ainda melhor por ter feito os outros se sentirem bem? Por que algumas pessoas são mais queridas do que outras simplesmente porque são? Será que o caráter bonito é mesmo inato? Como faz pra nascer de novo com um caráter lindo?

sexta-feira, julho 21, 2006

Eu apenas queria que você soubesse

* Gonzaguinha

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria
ainda está comigo
E que a minha ternura
não ficou na estrada
não ficou no tempo
presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina
hoje é uma mulher
E que esta mulher
é uma menina
que colheu seu fruto
flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer
a todo mundo que me gosta
que hoje eu me gosto muito mais
porque me entendo
muito mais também

E que a atitude de recomeçar
É todo dia, toda hora
É se respeitar na sua força e fé
Se olhar bem fundo
até o dedão do pé

Eu apenas queria que você soubesse
Que essa criança
brinca nessa roda
E não teme os cortes
das novas feridas
pois tem a saúde
que aprendeu com a vida


:)

segunda-feira, julho 17, 2006

O que é meu é meu, o que é seu é nosso !?

Vai pensando que o que é meu é seu...
Não me importo em dividir... já precisei tanto que dividissem comigo.
Mas não gostaria que você pensasse que realmente é seu... pois isso lhe faria abrir mão do que de fato lhe pertence.
Eu não abro mão do que é meu, e sei o quanto essa luta vale a pena...

sexta-feira, julho 14, 2006

Ah, deixa prá lá!

Odeio ter que dizer isso, mas no mundo tem mais bizarrices e gente mal resolvida do que a gente imagina... e às vezes, sem querer, a gente pode incomodar muito mais do que pensa que é capaz...

Infelizmente tem quem corra atrás de suas alegrias e realizações... e quem fique assistindo e sofrendo pela felicidade dos outros.

É triste!

Mas, quer saber, tenho mais com que me preocupar!!!!!!

quarta-feira, julho 12, 2006

Fill in the blanks

Outro dia ouvi uma teoria banal, mas com a qual concordei plenamente. “A vida é um grande vazio, que a gente preenche com tudo o que faz”. E, se a gente parar para pensar, é isso mesmo. Oficialmente, não nascemos com metas a serem cumpridas. Tirando nossas necessidades vitais, o resto é escolha. É eu quero isso e não aquilo ou isso me agrada mais do que aquilo.
Tudo o que nos é dado quando nascemos é um grande espaço entre a vida e a morte, um tapinha na bunda e infinitas possibilidades de escolhas a serem feitas.
Quando alguém escolhe por nós, tudo fica mais fácil. E muito mais chato também. Ainda há os muitos que acreditam que a vida só faz sentido dentro de um determinado modelo pré-estabelecido (casamento, profissão, filhos), mas definitivamente eu não! Minha única missão, minha única obrigação, é aprender a jogar o jogo das escolhas e preencher minha vida com coisas saudáveis e divertidas. E ver o tempo passando e o jogo ficando mais desafiador, mais estratégico, mais definitivo.

quinta-feira, junho 15, 2006

Lembrando...

Recordar é viver, já dizia minha mãe!!!
É maravilhoso olhar para trás e ver o quanto de coisas boas já aconteceram... e saber que as lembranças são minhas, são parte de mim, e ninguém tasca!!!
É incrível imaginar o que está por vir e ter a certeza de que um dia ainda sentirei falta de tudo como é hoje... do jeitinho que as coisas são.
É muito bom estar viva e poder sentir alegria, tédio, euforia, prazer e certeza de que tudo pode ser muitíssimo bem vivido, exatamente como está sendo!!!

sexta-feira, junho 09, 2006

Fugindo das inércias da vida

Eu tenho pensado recorrentemente sobre as inércias da vida. Sobre aquelas coisas que a gente vê que não estão legais, mas continua a fazê-las simplesmente pelo hábito, pelo impulso, pela impotência em fazê-las diferentes, ou de não fazê-las e começar algo totalmente novo e estimulante.
Por “pura coincidência” (rs duplos, um porque esta expressão me remete a uma ironia absoluta, dois porque coincidências puras simplesmente não existem),eu dei de cara hoje com dois textos mais ou menos sobre este assunto na revista Você S A.
E eles diziam, mais ou menos, o que eu penso. Diziam que a tendência hoje, em que temos tantas atividades, tanta coisa para ser cumprida, é a de virarmos robôs. Virarmos seres que não pensam e vão no automático, e aí se perdem em dois males. O primeiro é a ausência de prazer, pois a vida só tem graça se for curtida e degustada. O segundo é o risco do erro, porque tudo o que é mecânico pode falhar.
Estes textos falavam, ainda, sobre a importância do tesão na nossa vida, e sobre o quanto só o que é feito com paixão, prazer e vontade pode ser bem feito.
E é dessa inércia, deste anti-tesão, que eu tenho começado a fugir. Desta mania de transformar tudo em protocolo e meta, e perder o prazer no processo, a alegria de se acordar todos os dias com mil coisas a fazer.
Isso vale para tudo.
Vale para a vida profissional.
Vale para a vida educacional.
Vale para a amorosa.
Vale para a vida.


Livro: “Sem tesão não tem solução”, Roberto Freire

Inércia: "um corpo continua no seu estado de repouso (velocidade zero) ou de movimento retilíneo uniforme (velocidade constante), a menos que seja obrigado a mudá-lo pela ação de uma força externa".

quarta-feira, maio 31, 2006

Auto-estima em prestações fixas

Vivem dizendo que o meu problema, o seu problema, o problema da humanidade, é baixa auto-estima. A gente tem que se amar, se colocar em primeiro lugar, se considerar linda e maravilhosa para merecer tudo de bom que nos é destinado... mas que ainda não recebemos pois não atingimos este incrível grau de auto-confiança.

Eu discordo inteiramente. Nosso problema não é baixa auto-estima. É outro. Um pequeno dispositivo regulador de auto-estima, e que não é forte o suficiente para mantê-la lá em cima por muito tempo.

Quando saio de casa para trabalhar, me sinto altamente merecedora de tudo de melhor que possa haver no mundo. Escolho a melhor roupa, o melhor sapato, seco o cabelo com secador para ele ficar bem lisinho e com um caimento ótimo e ainda dou aquela olhada no espelho para confirmar que está tudo da melhor forma possível . Saio feliz, cheia de motivos para sorrir e cantar e com energia para fazer um excelente trabalho, estudar horrores, ler tudo o que for aproveitável nos livros, jornais e revistas e merecer aquele elogio de minha chefe.

Mas, basta colocar os pés na rua, para perceber que as coisas podem ser bem mais complicadas quando não se está sozinha no mundo. E que toda aquela beleza, inteligência e força de vontade não são suficientes quando se está em mundo que há muito mais super-heróis do que seres humanos.

E aí, não há dispositivo regulador de auto-estima capaz de mantê-la em um nível adequado. E a gente chega ao ponto em que, acreditam todos, precisamos ouvir aqueles conselhos fantásticos do comecinho do texto.

terça-feira, maio 30, 2006

Faxina geral

Há momentos na vida em que dá vontade de mudar tudo. Fosse eu uma casa, eu faria um faxina geral. Começaria tirando o lixo, aquilo que realmente não tem nenhuma utilidade nem valor afetivo, e que, além de ocupar espaço, ainda polui e torna o ambiente desagradável.

Depois, faria a limpeza propriamente dita. Tiraria a poeira, passaria pano no chão, lavaria a cozinha, o banheiro.

Depois eu ia arrumar tudo o que restou, organizar e, por fim, eu veria o que estava faltando.

Então eu partiria para as compras. Acrescentaria prateleiras e armários novos, colocaria um belo vaso de flores muito coloridas na sala. Na verdade, acho que colocaria muitas flores em todos os cômodos.
Depois de tudo isso, eu abriria a porta para que o sol entrasse e, sentada na varanda, deixaria que ele penetrasse em mim e me aquecesse muito. E de olhos fechados eu pediria, ao sentir o seu calor, que eu não permitisse, novamente, que o lixo se acumulasse em minha casa.

quinta-feira, maio 04, 2006

Celebrando o vazio

Estamos na época da ausência de regras, ausência de limites, vivemos na anarquia pessoal. Aprendemos que podemos comprar nossa felicidade e ela vem em forma de pequenas cápsulas coloridas, em forma de roupas e de tudo o mais que se possa adquirir com dinheiro, e somente com ele.

Vivemos preenchendo nosso vazio existencial mas agora podemos fazê-lo das mais variadas maneiras. A religião cedeu espaço ao nada, a família cedeu espaço ao nada, as responsabilidades não são mais cabíveis e os limites não nos servem mais.


As perguntas continuam sem respostas, mas agora são mais perguntas e menos possibilidade de pensar. Quando se celebra o vazio e se ri do sério, parece que para as dúvidas só resta a possibilidade da negação.

quinta-feira, abril 13, 2006

A tristeza, aquela, de verdade...

No texto anterior eu falei sobre a felicidade.

Não a felicidade fingida, inventada, mas sim a felicidade de verdade. Aquela que você sente e, nem que quisesse, conseguiria explicar. Aquela conquistada, merecida, aproveitada.

Para que se sinta esta felicidade, é necessário ser humano, ser intenso, viver as coisas em sua completude. E quem vive por inteiro, por mais feliz que mereça ser, sofre.

O sofrimento, a tristeza, são tão parte da vida quanto a alegria. Não é possível escolher um deles. Na tentativa de optar por um ou outro, há aqueles que justamente inventam uma felicidade, ou se entrevam.

Quem vive de verdade, quem chora de verdade, vive a felicidade e a tristeza em sua plenitude.

E a tristeza de verdade, assim como sua opositora, é intensa.É doída e indesejada. Pode vir em decorrência de um fato novo ou de um fato antigo e, não importa quão antigo ele seja, a dor não é menor.

Ela é composta de pensamentos recorrentes, de reflexões profundas sobre a vida, as pessoas e, sobretudo, sobre nós mesmos. Não é possível fugir da tristeza, mas é possível fugir dos pensamentos por ela impulsionados. E, assim, perder a grande chance de retirar deste sentimento tão dolorido aquilo que ele nos traz de melhor.

Quem não se recusa a refletir e não tem medo de sofrer e chorar um pouco mais é capaz de aprender muito sobre si próprio. E descobrir que, se erramos, ao menos podemos não errar mais. E que se tornar uma pessoa melhor é um direito do ser humano, e a capacidade de mudar é privilégio dos inteligentes. Porque quem vive de verdade, e sofre de verdade, cresce mais do que os outros. E como um presente pelo mérito da reflexão tem a grande chance de ser uma pessoa ainda mais feliz.

quarta-feira, abril 05, 2006

A felicidade de verdade...

Eu não sei qual a definição que o dicionário dá para felicidade. Mas também, não gosto de textos pretensiosos que começam com a definição do tema escolhido dada pelo dicionário. Prefiro falar da felicidade sentida, aquela inexplicável em palavras, mas que não deixa nenhuma dúvida sobre sua existência.

A felicidade é um misto de orgulho e prazer. É a alegria por estar vivo, mas não simplesmente por existir. A felicidade não é passiva, não se satisfaz apenas com a graça da vida. A felicidade é ativa, é consciente do merecimento, é uma admiração por quem se é.

Eu não li os inúmeros livros que falam sobre a felicidade. Eu não sei o que eles dizem. Eu até quero ler. Mas não me importo. Eu sou feliz!

Dizem que não se pode esperar pela felicidade, nem correr atrás dela. É preciso procurá-la no instante presente e aproveitar. Eu acho que não é preciso procurar. Mas é preciso estar de coração aberto para o momento em que ela chega, e se apresenta como a melhor sensação do mundo, como completude e como realização.

A pessoa feliz de verdade não precisa provar nada para ninguém. Não precisa se vangloriar de sua alegria. Não precisa levantar a bandeira da auto-estima.

Qualquer tentativa de se fazer feliz será em vão.
Só os merecedores são felizes.

quinta-feira, março 02, 2006

Entre o certo e o possível

Em psicologia, chama-se “dissonância cognitiva” o processo pelo qual procuramos justificar nossas escolhas por meio da valorização ou rebaixamento das qualidades dos nossos fatores de escolha. Por exemplo, se estamos em dúvida entre comprar uma bermuda ou uma saia, podemos fazer o raciocínio de que a saia será mais utilizada, enquanto a bermuda sairá de moda rápido, mas que por outro lado a bermuda é mais moderna enquanto a saia é mais comum. Desta forma, vamos relacionando uma série de fatores que podem pesar na escolha, até conseguirmos nos decidir. Logo após a escolha, então, começamos a valorizar o objeto escolhido, em detrimento da imagem que procuramos formar do que ficou de lado.É por estas e outras que tenho a impressão de que os ignorantes são mais felizes. Nossas escolhas são motivadas por aspectos racionais e emocionais. Como animais que somos, tendemos a nos deixar levar pelo aspecto emocional, por mais que tenhamos uma relação objetiva de aspectos racionais que poderiam nos fazer optar pela melhor alternativa.

Todo ser humano é racional, mas alguns o são mais do que outros. Quanto mais informação obtemos do mundo exterior, mas difícil ficam as decisões. Isto porque achamos que, com muitos dados na mão, podemos vencer nosso lado emocional. Mas, o animal humano também é vítima de seu coração. E, para piorar a situação, quando nos deixamos levar pelo lado emocional, sofremos mais, por saber que a atitude “mais inteligente” seria outra.

Quanto mais o tempo passa, e mais “informações do mundo exterior” obtenho, mais tenho a sensação de que a vida é mais fácil para quem não tem nada na cabeça. Estudar, ler, se informar... são atividades que complicam a vida, não caia na besteira de ser culto!

A vida é muito mais fácil para quem segue seus instintos, ama sem pensar, diverte-se como se não houvesse amanhã. A vida é bem mais agradável para quem não racionaliza, não pensa.Para quem pensa, reflete, a vida é um tormento. Uma dúvida constante. Uma indecisão eterna. A briga infinita entre o certo e o possível.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Revirando gavetas

Revirar gavetas é uma atividade prazerosa. É um momento de encontro consigo mesmo, com o que se foi, o que se é, e o que se pretende ser. A gaveta é onde o passado, o presente e o futuro se encontram.
E é revirando gavetas que se descobre que antes, durante e depois, somos os mesmos. Nós podemos evoluir na vida, melhorar, mas não mudamos nunca.


Nossa essência permanece e saber utilizá-la da melhor forma possível é a chave da felicidade. Pois temos de ser felizes sendo quem somos, e não criando personagens. Porque não podemos fugir de nossa personalidade e este fato ao mesmo tempo que aprisiona, liberta.

Aprisiona pois nos faz ter que aceitar muitas coisas, admirar muitas características que gostaríamos de ter, porém sem conseguir alcançá-las.
Liberta pois nos ensina que não precisamos nos preocupar em ser assim ou assado, apenas precisamos aceitar que existimos e que somos únicos, e que é possível administrar uma personalidade de maneira a ser feliz.

Ser quem se é é ter a certeza de que os dias podem passar, nós podemos sofrer horrores, passar por alegrias imensas, cair, levantar, rir, chorar... mas nunca perderemos nossa essência.

Revirar gavetas, memórias, lembranças, é perceber que podemos mudar o curso do rio diversas vezes, pois no final ele vai, irremediavelmente, se encontrar com o mar, e nada terá sido em vão.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

A confusão das épocas

O tempo passa rápido. A vida, todos sabem, acaba. E, como é de conhecimento público, a solução é viver cada momento intensamente, pois eles são passageiros.

Mas, e quando a vida passa tão rápido que já não se sabe em que época está? Às vezes, pessoas bem resolvidas, normais até, encontram-se perdidas em fases para as quais não encontram classificação. E, quem não teve crise de adolescência, acaba vivendo outras crises quando menos esperava ter que passar por isso.

A confusão aumenta quando se leva em conta o troca-troca que existe hoje em dia. Os jovens querem ser adultos. Não existem mais meninas de 13, 14 anos, e sim mulherões sexys e cheias de pose. Basta dar uma espiada em álbuns no Orkut para ver que não se diferencia mais uma adolescente de uma adulta. E isto não é novidade.

Mulheres adultas também estão em extinção. Aos 40 anos, todas querem ser “tias gatinhas”: saradas, calça jeans apertada, chapinha no cabelo e... prontas para irem à balada junto com as filhas de 14.

Ao mesmo tempo que se exige maturidade dos jovens, se impõe comportamentos descontraídos aos adultos, fazendo com que a adolescência dure muito mais.

E o que fazer quando se chega aos 25? Ser jovem e descontraída ou encarnar a jovem executiva bem sucedida? Usar a roupa da moda para adolescentes crescidinhas, ou assumir que a idade adulta chegou e se tornar uma pessoa séria e respeitável? A resposta é só uma, porém a mais difícil possível: seja todas, e seja você. Pratique diariamente o exercício da mudança, mas não perca sua personalidade. Fácil, né?

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Mais do mesmo

Mais do mesmo é viver. Mais do mesmo é começar uma novela todos os dias sabendo exatamente como será o fim da história. (Antes que surjam mensagens de otimismo e força, veja, isso não é uma reclamação)
Encarar os fatos é o caminho para poder extrair deles o que há de melhor. Encarar que a vida é uma repetição é uma forma de não se assustar quando o tédio surgir no meio da tarde e não achar que o problema é com você, ou com o seu trabalho, ou com o seu relacionamento.

Fácil! Como o problema não está comigo, nem com meu emprego, nem com meu namorado, a gente conclui que só pode estar ... com o meu cabelo, com o guarda-roupa, com a balança... e mudo tudo. Emagrecer, engordar, comprar roupas mais modernas, mais sofisticadas, mais clássicas. Parecer mais adulta, mais jovem, e o final será feliz...

Quem nunca caiu nestas armadilhas da vida? Quem nunca colocou a culpa no sistema capitalista? Quem nunca se rendeu a ele e viveu intensamente um surto consumista? Quem nunca sentiu que isto pode resolver tudo e que aquelas compras recém-feitas podem lhe fazer feliz para sempre?
Mas as roupas ficam velhas, ou novíssimas e esquecidas no fundo do armário. E a gente engorda de novo.

E descobre, mais uma vez, que a repetição é a comprovação de se estar vivo, e que mesmo estando no mar transparente sob o sol acolhedor de alguma praia paradisíaca ainda seria entediante se o fizéssemos todos os dias.

E que ser feliz é ter a capacidade de se reinventar, mas também de sentir prazer na rotina, e não esperar as férias para sorrir.