quinta-feira, novembro 09, 2006

As cores da vida

21/06/04

Faz um tempo que estou querendo falar sobre preconceito de uma forma mais longa, porque este é um assunto sobre o qual eu penso sempre e repetidamente e que me incomoda muito. Me incomoda não apenas porque eu sinta uma carga considerável de preconceito contra mim mas também porque sinto que eu já fui muito preconceituosa e que isso limitou muito minha vida até pouco tempo. Eventualmente eu até falo alguma coisa sobre o assunto mas não vou muito longe porque não quero tomar o tempo de quem está me ouvindo em momentos que geralmente são de descontração, fora que eu tô ligada que muitas vezes meus comentários parecem de caráter pessoal e sobre alguma atitude específica do meu interlocutor, e o medo de parecer agressiva acaba me fazendo ficar quieta.
Bom, vamos ao assunto: eu odeio preconceito. De todos os defeitos que uma pessoa pode ter tenho quase certeza que o preconceito é o pior. Porque o preconceituoso parte do princípio de que ele é superior, de que suas escolhas e suas preferências são superiores do que as dos outros, e de que os outros ainda não atingiram sua capacidade de avaliação das coisas, das músicas, das roupas, e não fazem escolhas tão apropriadas.
Eu não estou falando de preconceito de raça, de cor, de credo. Estes são os piores, certamente, mas sobre estes muito já se falou e já se tornou inclusive ultrapassado falar, pois se tornou ultrapassado ter este tipo de preconceito.
Mas muitos que se julgam abertos a conviver com pessoas de cor diferente da sua ou com uma atitude sexual diferente não percebem os pequenos preconceitos que repetidamente deixam sua vida menos completa.
É isso mesmo. O preconceito faz com que sejamos menos completos. Eu explico: se eu gosto da cor azul porque acho que o azul é a cor mais bonita, a mais chique, a mais sofisticada, até aí nenhum problema. Todos, ou muitos, tem preferência por uma cor. Mas se me recuso a olhar para o preto, porque o considero sem graça, depressivo, feito, dou uma cor a menos a minha vida. Isso vale prá tudo: artes em geral (música, literatura, cinema), moda, baladas, profissão, sexualidade. Vamos vestir todas as cores da vida!!! Ou ao menos conhecê-las, conversar com alguém que as veste. Vamos conhecer uma balada completamente diferente, falar com alguém que trabalha em uma área totalmente diferente da nossa, rir de nossas próprias preferências. Cuidado: o preconceito está enraizado em cada um de nós, e ser preconceituoso não é uma agressão contra o outro. É uma agressão contra nós mesmos. Preconceito é uma atitude limitadora que nos impede de conhecer todas as cores da vida.

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