terça-feira, maio 29, 2012

A Teoria do Fluxo e/ou O Ponto de Mutação

Gráfico ilustrativo da Teoria do Fluxo

Eu sempre tive uma sensação que me incomodava. A sensação de não entrar 100% nas coisas.

Era como se nada, ou quase nada, fosse bom o suficiente para que eu me dedicasse integralmente a isto. Era como se eu tivesse sempre esperando por algo ou alguém que merecesse minha atenção total.

Como este algo ou alguém nunca chegavam, eu vivia planando sobre as coisas. Era como se eu sempre molhasse a pontinha do pé, mas nunca enfiasse o pé todo na água, na jaca, onde quer que fosse.

Já faz um tempo que venho pensando sobre a importância de se entregar totalmente às coisas. Como não se sabe se este algo ou este alguém merecedor de atenção integral um dia vai chegar, talvez o melhor seja se garantir e mergulhar de cabeça no que temos hoje. A vida é agora e o momento de viver por inteiro é agora também. Este momento vai passar, as pessoas vão passar, este emprego tavez passe e a gente não quer olhar prá tras e dizer: Ah, se eu tivesse feito! Ah, se eu tivesse aproveitado!

Acho que as viagens são bons exemplos de momentos que aproveitamos integralmente. Quando viajamos fica nítida a sensação de oportunidade única. A gente nunca sabe se haverá uma próxima vez de pegar um avião e ir para um lugar distante. E, mesmo que haja, há tantos outros lugares a serem conhecidos que a gente pensa mesmo em aproveitar aquele em que estamos ao máximo possível.

Foi em meio a estes pensamentos que li um texto do Flavio Gikovate chamado “Um Roteiro para a Felicidade”. O texto é ótimo, daqueles que a gente sente que poderia ter escrito, tamanha a identificação. Nele há o seguinte parágrafo:

“Pessoas mais corajosas são mais livres e vivem mais o presente. São mais capazes de se envolver completamente nas suas atividades atuais, dedicando a elas plena atenção, condição na qual a vida flui (‘flow’), sendo este estado de plena concentração um dos importantes ingredientes da felicidade. Corresponde, até certo ponto, ao estado de meditação proposto pelo budismo”.

Daí fui eu atrás do tal “flow” no Google. E descobri que se trata de uma teoria de psicologia criada pelo americano Mihaly Csikszentmihalyi, em que ele diz que a chave para a felicidade está em dedicar-se 100% à atividade que se conduz no momento. Para ele, a realização, que precede a felicidade, é alcançada quando colocamos toda a nossa energia em algo que estamos fazendo, seja um trabalho, um esporte ou a leitura de um livro, por exemplo. Nos envolvemos tanto com uma tarefa que a execução dela em si torna-se prazerosa e gratificante. Bem, levando isto em consideração, torna-se desnecessário procurar aquele algo ou alguém que mereça nossa atenção. O segredo está em oferecer nossa atenção às atividades diárias e extrair daí satisfação para seguir em frente. É como se tirássemos dos afazeres diários a energia que nos levará adiante. Geramos, com tudo o que fazemos, o combustível que  nos move. 

A teoria lembra conceitos de meditação presentes no budismo e na yoga, em que estar entregue ao momento gera grande satisfação.

E me lembra também do livro “A Felicidade Desesperadamente” que aborda, justamente, a idéia de que a felicidade não é algo que chegará um dia, mas sim algo que se vive todos os dias.

Ser “por inteiro” sempre foi uma meta, daí o nome do blog. Acho que venho conseguindo certo êxito em ser “por inteiro” no que diz respeito a sentimentos e sinceridade, mas ainda há um bom caminho a ser percorrido quando se trata de entrega a tudo o que faço. Interessante ver que tudo converge para o mesmo ponto.

É claro que há pessoas evoluídas que já sabem disto há muito tempo, ou que vivem integralmente desde sempre. Já eu precisei de um pouco de teoria prá me incentivar a mudar as minhas práticas diárias.

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