sexta-feira, dezembro 23, 2011

E que venha 2012!

Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.
(Fernando Pessoa)

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Sonhos


E hoje eu lembrei que há muito tempo não sonho. Há muito não acordo tendo vivido histórias complexas, ricas em detalhes, coloridas e assustadoras. Meu sonhos, que sempre foram super-produções, deram lugar a noites de insônia ou de sono profundo. Antes eu acordava interessada em entender o que eles queriam me dizer. Hoje eu deito pedindo a Deus que apenas me deixe dormir uma noite inteira, que me faça esquecer de tudo por cerca de 8 horas para que eu possa ter um dia também inteiro na sequência. Hoje eu tenho noites em claro pensando em coisas que fogem de minhas mãos, coisas pequenas e grandes, dores da vida adulta que eu por sorte não conhecia até então. Acho que estas dores, estas coisas pequenas e grandes, nos aproximam da realidade e nos afastam de nós, daquele “nós” profundo com o qual apenas encontramos nos sonhos. Eu acho que sem os sonhos, os nossos nós não se desfazem. Gosto dos sonhos que sonho acordada, mas sinto falta dos gostos que só sentia quando mergulhava em mim mesma sem medo de me perder.

quinta-feira, agosto 04, 2011

Aonde sua escada vai te levar?

Comecei, sem querer, a enxergar meus sonhos como degraus. Outro dia, conversando com uma amiga, falávamos sobre determinado assunto e ela me disse: “Este é o seu sonho”. Fiquei incomodada com aquilo. Não que eu não sonhasse com a coisa em questão. Fiquei incomodada com o artigo definido. Fiquei incomodada por achar que, talvez, eu tivesse na vida apenas um sonho. “O” sonho.

Então, comecei a olhar para trás e a tentar entender se, de fato, aquele era “o” meu sonho. E percebi que não. Percebi que aquele era “um dos” meus sonhos. Percebi que, possivelmente, aquele fosse o maior de todos os sonhos que tenho hoje, mas que, para ser sonhado, ele já precisou um dia nem existir. Explico. Quando se quer muito algo, obstinadamente, quando se quer apenas uma coisa na vida, muitas vezes esta coisa foge de nossas mãos. Escorrega, como não querendo ser nossa. Ou ainda, podemos sim conquistar aquilo que desejamos mas, despreparados para vivência-la, deixamos escapar ou mesmo nem aproveitamos. Outra forma de querer as coisas é querer aos poucos. Querer devagar, querer algo diferente a cada etapa da sua vida. Sonhar em degraus. Realizar um de cada vez.

Foi aí que percebi que sim, talvez aquele fosse “o” meu sonho hoje, mas que não era por acaso que não o havia sido antes. Para chegar ali, para poder sonhar este sonho, houve muitos degraus que precisaram ser subidos, muitos sonhos que precisaram ser sonhados e realizados, até que eu pudesse me dar conta de aonde aquela escada de fato me levava...


PS: Se em vez de subir a escada, você preferiu pegar um atalho e chegou direto ao seu sonho, parabéns, você economizou um bom tempo de vida. Mas talvez tenha também perdido a chance de sonhar outros tantos sonhos ;-)

terça-feira, abril 05, 2011

Baby boom

Depois de mercantilizarem o amor, os relacionamentos, agora querem fazer isto também com as crianças, com os filhos... ter filhos não é brincar de Barbie.

terça-feira, março 22, 2011

Quando eu tinha 20 anos

Quando eu tinha 20 anos eu achava que sabia de tudo. E que tudo seria muito fácil.Talvez até eu achasse que não seria tão fácil, mas achava que seria sim, assim, do jeito que eu planejava.

Em dez anos eu desaprendi muitas coisas. Esqueci o que é saber de tudo, esqueci o que é ter a segurança de quem ainda não tropeçou algumas vezes. Aprendi que a gente erra, acerta, erra de novo, e aprendi que essa é a verdadeira graça da vida. Descobri que a gente não sabe de nada, que nada sairá exatamente como a gente planeja e que, se saísse, com certeza não seria tão divertido.

Quando eu tinha 20 anos eu era arrogante, tinha o nariz empinado e menosprezava quem ainda não tinha chegado “lá”. Hoje eu ainda não cheguei “lá”, mas cheguei e passei por lugares que eu jamais poderia imaginar aos 20.

segunda-feira, março 21, 2011

Meu lugar favorito em São Paulo


Enquanto os paulistanos lamentavam o fechamento do Cine Belas Artes, um dos últimos representantes dos autênticos cinemas de rua de São Paulo, eu aproveitava o tempo no meu lugar favorito na minha cidade: o Cine Segall.

Escondido em uma rua tranquila da Zona Sul, o cinema pertence ao museu de mesmo nome. A chegada é sempre agradável. Rua de paralelepípedos, vagas na rua, com sobradinhos modernistas tombados em frente, e uma entrada tão discreta que pode passar a impressão de se estar entrando no lugar errado em uma primeira visita.

A sala é pequena, a qualidade de som ruim, porém o repertório de filmes é muito bom. Assisti a Biutiful, um maravilhoso soco no estômago, que não decepciona aos entusiastas do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu.

As sessões são vazias (sexta, às 19h, havia apenas 4 pessoas na sala), mas a sensação é de preenchimento. É como ir ao cinema no quintal de casa.


Uma pequena cafeteria dá um charme a mais ao lugar, enquanto eu torço para que ele continue assim, quase esquecido, discreto, longo das polêmicas e das ameaças de fechamento.


Uma matéria publicada no jornal Ipiranga News e exposta no mural do museu garante que o Cine Segall não corre risco de fechamento. Isto porque ele é favorecido por pertencer ao Museu.

Assim seja.