terça-feira, dezembro 19, 2006

Natal...


Este ano a sensação de fim de ano chegou mais cedo para mim. Em meados de outubro, o balanço de fim de ano já tinha sido concluído, com a devida sensação de rebarbas a aparar, e de tudo que precisava ser resolvido para que um novo ciclo pudesse se iniciar em terreno limpo e fértil.

Em novembro, tudo parecia caminhar bem, até que em dezembro algo saiu do trilho e tudo o que poderia dar errado deu, tudo que parecia caminhar para uma realização virou frustração, tudo o que já estava definido se indefiniu inesperadamente e as reações e atitudes foram as menos aguardadas, com os respectivos questionamentos respondidos das maneiras mais inacreditáveis, e a tristeza chegou para ocupar seu lugar quando só esperava estar triste novamente lá para junho do ano que viria...

Talvez por tudo isso, a leve melancolia natalina, que nunca precisou ser triste, tomou uma proporção de questionamento muito maior. A árvore do Ibirapuera, as canções natalinas em inglês, o enfeite gigante do Shopping Iguatemi, as cores do Banco Real, iluminaram a sensação de vazio diante de tanta miséria, de tanta fome, de tanta falta de oportunidade.

E por vezes tive vontade de ser uma criança de rua, só para poder destruir tudo durante a noite, e tirar de perto de mim a visão da falsidade ideológica que tomou conta de uma festa que deveria ser de amizade e colaboração.

Quem foi que permitiu que a data de nascimento do maior messias que já existiu virasse pretexto para movimentar o comércio, por que permitir que vermelho da Coca-Cola se espalhasse pelas ruas de um país como o Brasil, onde a seca mata milhares de pessoas de sede, onde está a igreja que não diz ao povo que esta é a maior mentira em que se pode acreditar... e não questiona o ridículo do ser-humano?

Eu não tenho vontade de comprar presentes de Natal... eu queria dar a todos que amo um trecho da Bíblia, que falasse sobre igualdade e sobre fraternidade, e que falasse sobre simplicidade e humildade.


E que mostrasse, sobretudo, a imagem de um presépio, provando que, quando de onde deveria vir acolhimento, surge somente incompreensão, arrogância, pretensão e injustiça, é de onde menos se espera que surge carinho e aquele abraço, aquele sorriso e aquela palavra que a gente simplesmente morreria se não pudesse sentir...

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa Senhora Ave Maria Deus Padre... li seu texto maravilhoso como se fosse eu que tivesse escrito, porque penso e sinto a mesmíssima coisa... sempre fico muito mal nesta época do ano, fico de choro fácil, pois afinal uma linda mensagem se tranforma em nada, se transforma em business!!
Brigada, Bel!! vejo que tenho uma amiga que possui a minha mesma loucura!!
saudades,
beijo grande e por favor escreva todo dia... passa lá no pathiro, ok!!!
Pat