terça-feira, outubro 31, 2006

Balança

Já falei aqui que concordo com a idéia de que a vida é um grande vazio preenchível. Como completá-lo é a nossa grande questão. Avaliar o que vale a pena entrar em nossos dias, e o que merece ser simplesmente descartado, ignorado, é como um jogo, quase uma brincadeira.

Há algumas escolhas na vida que são de fato decisivas, definitivas, mas a verdade é que a vida é feita de muitas outras escolhas que são pequeninas, e parecem que não vão nos influenciar em nada.

São pequenas decisões que tomamos o dia inteiro, e que aparentemente são inofensivas, e que de fato realmente o são. Mas que, juntas, fazem a nossa vida ser o que é e não algo diferente, fazem com que no final de tantas pequenas opções tenhamos chegado neste lugar e não naquele.

E quando percebemos isso, percebemos também porque se deve dar importância às pequenas coisas, às pequenas atividades diárias, ao invés de simplesmente pensar que, por serem pequenas e simples, elas não merecem nossa atenção.

Compensação

É um exercício de persistência e paciência dedicar-se a estas pequenas coisas. Pois o impulso é de evitá-las, pular as etapas chatas e compensar a existência delas com atividades mais prazerosas.

O Eduardo Gianetti, em suas palestras baseadas no livro “Felicidade’”, diz que a realização profissional é fundamental e que, na ausência dela, acabamos partindo para compensações. A gente pode tentar compensar a insatisfação no trabalho fazendo compras, por exemplo.

Na verdade a gente tende a fazer isso em vários aspectos da vida, creio eu, e não somente no profissional. Problemas no relacionamento podem nos levar a compensar a frustração com comida... a ausência do pai pode nos levar a fumar... e assim por diante. A psicologia deve ter uma explicação bem consolidada para isso e eu não a conheço, mas espero poder um dia entender isso melhor.

As questões são: até que ponto o prazer da compensação nos fará felizes? O quanto de coisinhas chatas somos capazes de suportar? Dá prá acreditar que é possível sentir-se realizado sem buscar por estes prazeres mais acessíveis? Por que algumas pessoas parecem ser felizes com o que tem, sem necessidade de procurar por estas compensações?

Um comentário:

Anônimo disse...

Alguem acordou inspirada hoje, lindos e verdadeiros textos bebel.
ADORO!!!